domingo, 20 de outubro de 2013
Pvem Pcan Ptar
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Uma mãe melhor saindo do forno
Eu queria ter sido aquela grávida que anda de bicicleta e faz ioga. Queria ter tido um parto normal e natural, e que a minha barriga tivesse voltado ao que era antes em instantes. Queria ter amamentado minha filha até que ela completasse, no mínimo, seis meses. Ser a mãe perfeita. Queria ter total controle da limpeza e organização da minha casa, passear com os cachorros e o bebê, sentar na varanda feliz e esperar o marido chegar do trabalho. Queria ter um cardápio pensado e planejado para as refeições diárias, cozinhar comidas saudáveis e nutritivas, passear de carrinho no lago, chegar em casa com gás total para preparar o jantar. Queria ter um dia da semana só para curtir o marido. Queria aprender a costurar e fazer patchwork em casa, sentada atrás da máquina e ouvindo o Vale a Pena Ver de Novo, enquanto o neném brinca com o chocalho no chão. Queria ter uma horta enorme no fundo de casa, e plantar minhas próprias verduras. Frequentar a feira, ao menos. Ser daquelas mães que dão conta de tudo e fazem parte do conselho de pais da escola. Aquelas que são reconhecidas pela comida maravilhosa, ou um bolo memorável. Ou cookies. De repente, me dou conta: não andei de bicicleta, não fiz ioga, não tive parto normal, não amamentei o tanto que gostaria, e nem de longe a minha barriga é o que um dia foi. Não possuo tudo sob controle em casa. Não sou a mãe perfeita. Mas, do resto, eu posso tentar. São desejos simples. Eu apenas comecei a ser mãe. Ainda dá tempo de várias coisas, de ser tudo o que eu gostaria de ser. Comecei pelos cookies.
sábado, 5 de outubro de 2013
Amamentar: Querer x Conseguir
Eu nem sou e nem nunca fui ativista de nada, nem daquelas de sofá que compartilha as coisas no facebook. Não sou de polêmica, não me envolvo com muita coisa, não tenho muita opinião formada sobre assuntos em pauta, não sou defensora de muitas causas, sou influenciável e não tenho compromisso com a opinião. Mudo mesmo. Sou meio café com leite, sabe? Craque em dormir pensando uma coisa e acordar convicta de outra. Dizem que é característica de libriana, ficar na dúvida, pender para os dois lados. Não, eu não gosto de ser assim, mas fazer o que. Mas eu queria falar aqui de um assunto que me incomodou muito quando a Cecília nasceu, mas que, hoje, já não incomoda mais: a amamentação. Assim que engravidei fui bombardeada pela apelação à amamentação no peito, vínculo mãe e filho e tal. Lindo, faz bem ao bebê, é o sonho de toda mãe, acho eu. Mas e quando a realidade é diferente do sonho e você vê seu filho recém-nascido chorar de fome por não conseguir amamentá-lo? Eu tive leite, sim, mas muuuuuito pouco. Cheguei a tirar com a bombinha e verificar,com tristeza, que a quantidade estava abaixo do risquinho dos 20ml. E, vou dizer, é muito triste. E a gente sente culpa.E a gente sente vergonha de dar mamadeira em público. E a gente se odeia por dentro, se sente a pior mãe, sente que seu filho nunca vai estabelecer um vínculo forte com você por conta disso. Tentei, por um período, amamentar e depois complementar com a mamadeira. E, posso falar? É mais triste ainda. Você perceber que seu pequeno só se satisfaz quando mama em outro bico que não o seu, com um leite que seu marido sai pra comprar numa farmácia. Acho que esse é um dos maiores tabus das mães. Até porque sempre vai ter alguém falando que não existe essa de leite fraco, que é só estimular que sai, e que não ter leite é desculpa de mãe que não quer amamentar. Gente, não é verdade. Aconteceu comigo. Acontece o tempo todo, e isso é uma das maiores culpas que uma mãe pode sentir, além do medo do seu filho ficar doente, mentalmente atrasado, entre outras coisas terríveis que ouvimos por aí.É bem fácil falar quando você tem leite pingando das tetas. É claro que se eu pudesse eu teria amamentado. Estaria, até agora. Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram e eu acabei desistindo para não aumentar a frustração. A Cecília? Nem ligou. E, um dia, conversando com uma amiga minha psicóloga, ela me disse uma coisa que me libertou, de certa forma. Me disse que o importante para o vínculo era o contato. O acalentar. O colocar a criança no colo, bem pertinho de você, e alimentá-la. É isso que cria o vínculo. Sobre as doenças que viriam, até agora não apareceu nada. E conheço muita mãe que amamentou e a criança teve várias coisinhas, inclusive alergia alimentar. E não to falando isso só porque eu não consegui não. E não sou menos mãe por isso. Não mesmo. E a Cecília, com quase um ano, continua mamando no meu colo, quentinha, abraçadinha, e assim vai ser, até que ela não queira mais. E aí, claro, eu vou sofrer, mas essa é outra história.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
O Diagnóstico
Quando eu tinha doze anos, fui pra praia com meus tios e, na volta, uma tia minha alertou a minha mãe que havia algo de errado no meu corpo. Algo assim, meio fora de prumo, desequilibrado. Me lembro até hoje que ela pediu que eu tirasse a blusa e ficasse de perfil pra ela ver uma coisa. E lembro, também, do olhar da minha mãe nessa hora. No mesmo dia, saí da minha vidinha de criança (naquela época 12 anos era criança, diga-se) e deitei pela primeira vez numa maca de raio-x. O resultado foi assustador. Minha coluna tinha feito uma curva em S de uma hora pra outra. Bom, assim eu pensava. Eu também pensava que era só colocar no lugar, e pronto. Médicos e médicos depois, descobrimos que, talvez, esse probleminha seria congênito e idiopático, ou seja, nasceu comigo e não tem razão específica de ser. Talvez fosse por isso que eu nunca havia sentido nada de diferente. Anos depois, fiquei sabendo que a causa teria sido uma falta de ácido fólico da minha mãe, durante a minha gravidez. O meu caso era absolutamente e incontestavelmente cirúrgico, porém, sem garantias de sucesso e mobilidade normais. Optei por não fazer, e meus pais respeitaram a minha decisão. Afinal eu vivia bem com aquilo, aliás, eu não tinha nem visto, até me mostrarem. Me acostumei com os "nossaaaaa", "olhaaaaa", me adaptei às blusinhas que teimavam em ficar tortas, à fisioterapia, e segui assim, feliz por não ter que fazer aula de educação física, que odiava. Um dia me disseram que eu poderia não andar mais se não operasse. Me disseram também que eu talvez não pudesse ter filhos. Tudo bem, depois eu penso nisso. Os anos se passaram, encontrei um médico que me apoiou na decisão de não operar, e fui tentando me equilibrar, literalmente. Coloquei na minha cabeça que eu não teria filhos, era mais fácil assim. Eu pensava, claro, em como era fácil para algumas mulheres, simplesmente engravidar e ser mãe. Para mim, eu sabia que seria muito mais complicado que isso. Aos 30 anos, descobri que estava grávida no susto, chorei no banheiro com o exame na mão e me condenei à morte mentalmente, pensando nas piores coisas que poderiam me acontecer ou ao bebê. Só que, sabe? A vida é meio engraçada. Quando você acha que tudo vai dar errado, ela te surpreende mostrando que não é bem assim. Tive a gravidez mais comum do mundo, sem enjôos, sem dores nas costas, sem frescuras, sem inchaço, sem nada que me diferenciasse daquelas mulheres que eu via grávidas e secretamente invejava. Tivemos alguns probleminhas no parto (que depois eu conto), mas gente até esquece depois que ganha um filho. Até hoje eu olho pra ela e parece mentira que saiu de mim, que eu consegui, que eu, rata de laboratório de exames, salas de espera de consultórios e raios-x panorâmicos, tive uma gravidez básica e um bebê saudável. Sem contar o fato dela ser linda. E alegre. E simpática. Eu me desfiz de todas as minhas antigas certezas e medos. E hoje eu só sei de uma coisa: quando tem que ser, não há nada que impeça. Quando tem que nascer, nasce, quando tem que acontecer, acontece, e tudo o que você pode fazer é fazer o seu melhor, com o que vem pra você. E agradecer, sempre.
Posso Contar?
Quando eu estava grávida eu bem que pensei em criar um blog, mas nem bem recebi meu resultado e já descobri que o universo barrigudo é abarrotado de mães blogueiras, com dicas e coisas interessantíssimas (para quem vai ter um pimpolho) para contar. Daí desanimei, achei nos blogs maternos tudo que eu precisava ler, o que eu não precisava também, me informei, ri, chorei, comprei várias coisas por impulso e aprendi técnicas infinitas sobre cuidados com o rebento. Neném parido, comecei a contar umas historinhas no facebook sobre o meu dia a dia como mãe, e me surpreendi descobrindo que cada experiência é, ao mesmo tempo, única e compartilhada, afinal de contas, todas nós temos algo diferente para contar, mas que muita gente pode se identificar. E isso é muito legal. Por isso, agora que eu já passei do período de experiência, aqui vai um blog despretensioso e sem ambições, a não ser a de contar um pouco da minha experiência nesse mundinho onde todas as mulheres se descobrem com o mesmo nome: mãe.
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